A Antártica é um continente coberto por gelo, localizada no extremo sul do planeta e rodeada pelo oceano austral. Também conhecida por continente branco ou continente gelado, onde encontramos diversas espécies de pinguins, além de outras aves, peixes, mamíferos, microrganismos e até vegetação, a Antártica é um regulador térmico crucial para o equilíbrio climático da Terra.
Infelizmente, as mudanças climáticas já estão impactando este ecossistema que é essencial para a manutenção da vida no planeta. Pesquisadores da Escola Climática da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, perceberam que está ocorrendo uma aceleração da Corrente Circumpolar Antártica e os efeitos desse fenômeno estão relacionados com o aquecimento global. Para tal estudo, foram extraídos sedimentos datados de 5,3 milhões de anos e os resultados foram publicados na revista Nature.
Fonte: NASA
A Corrente Circumpolar Antártica está ligada aos oceanos Índico, Atlântico e Pacífico, possui 2 mil km de diâmetro e transporta 100 vezes mais água que todos os rios do mundo juntos. Devido à sua importância na circulação marítima, ela exerce um papel fundamental na regulação do clima global. Ao menos 40 cientistas de uma dúzia de países participantes do estudo, investigaram núcleos de sedimentos marinhos em áreas ásperas e remotas do planeta, com o objetivo de mapear a relação do redemoinho de correntes com o clima nos últimos 5,3 milhões de anos. Entre maio e junho de 2019, os pesquisadores, a bordo do navio de perfuração JOIDES Resolution, viajaram para Point Nemo, localizado no extremo sudoeste do Pacífico. Lá, uma sonda de perfuração foi posicionada a uma profundidade de aproximadamente 3.600 metros no oceano e os sedimentos, medindo entre 150 e 200 metros cada, foram retirados.
Em laboratório, os sedimentos foram analisados com uma técnica avançada de raios-X e foi revelado que a corrente se move em conjunto com a temperatura da Terra, isto é, ela fica mais lenta nas épocas mais frias e mais veloz quando está mais quente. Dessa forma, se as ações antrópicas permanecerem estimulando o aquecimento do planeta, mais veloz será a corrente. Com isso, a perda de gelo na Antártica é inevitável, além do aumento do nível do mar e, supostamente, menor capacidade do oceano de absorver o carbono proveniente da atmosfera.
Também foi observado um aumento dos ventos sobre o oceano austral em 40% nos últimos 40 anos, contribuindo para a aceleração da corrente e causando redemoinhos em grande escala em seu interior. Tais redemoinhos movimentam águas quentes das mais altas latitudes do planeta, com destino às plataformas de gelo flutuantes do continente antártico. Essas águas quentes estão corroendo a parte inferior das plataformas de gelo, sendo a principal causa do desgaste das mesmas.
Os cientistas ainda não têm certeza se a aceleração da corrente vai interferir no processo de absorção do carbono pelas águas oceânicas que contornam a Antártica. Atualmente, essa absorção é de 40%.
A formação dessas correntes se iniciou há cerca de 34 milhões de anos, quando ocorreu o desmembramento da Antártica de outras massas continentais, devido à ação das placas tectônicas e, com isso, as calotas de gelo se acumularam.
Mais uma vez, é de extrema importância pensar e agir de formas mais sustentáveis, a fim de mitigar os efeitos do aquecimento global e das mudanças climáticas. De acordo com o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), são as ações humanas a maior causa do aumento da temperatura global nos últimos 250 anos. O continente antártico é um bem precioso demais, preservar esse continente é essencial para a nossa sobrevivência e a do planeta.
Redatora: Juliana Correia
Referências:
Antártica, Ártico e mudanças climáticas / coordenação de Silvia Dotta … [et al.]. - Santo André, SP: InterAntar: UFABC, 2021.
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