A pauta "obtenção de energia" é cada vez mais citada nos grandes debates ambientais. O constante questionamento sobre a sustentabilidade das energias fósseis e as previsões negativas sobre a poluição e esgotamento de recursos exaltam a necessidade de aumentar a utilização de energias renováveis. Energias solar, hidrelétrica e eólica são as mais populares, porém o que muitos não sabem é que é possível obter energia através dos resíduos, ou seja, do lixo.
A otenção de energia através do lixo pode ocorrer de diversas maneiras. Por exemplo, há a queima de lixo, que pode gerar energia térmica. O problema desse procedimento é que libera gases poluentes, porém pode ser usado o método de incineração, com filtros personalizados que controlam a saída de gases. Além disso, há a biodigestão anaeróbica, que faz a decomposição dessa matéria orgânica, gerando biogás e um biofertilizante. O biogás é muito versátil, e pode ser utilizado para geração de eletricidade doméstica ou industrial, e também gás de cozinha e biocombustíveis para automóveis. Contudo, esse método só pode ser utilizado com lixo orgânico, como cascas de comida, dejetos de animais e folhas de árvores.
No âmbito de descarte de resíduos, o Brasil é o quarto maior produtor de lixo no mundo, atrás dos Estados Unidos, China e Índia. Além disso, há estudos que apontam que a população descarta cerca de 1,5 milhões de toneladas de lixo por semana, equivalendo a quase sete navios de cruzeiros. O descarte incorreto do lixo e o seu mau direcionamento faz com que sejam necessários os lixões, que poluem o solo, as águas e o ar. Nesse cenário, foi aprovado, em maio de 2022, um projeto de lei, de autoria do ex-senador Hélio José (DF), que incentiva a produção de biogás, biometano e energia elétrica provenientes dos resíduos sólidos. Essa lei prevê incentivos fiscais, financeiros ou creditícios da União, do estado ou municípios a empresas dedicadas a produzirem esse tipo de energia, além de outras medidas.
Observando esses fatos, obter energia através do lixo pode reduzir dois problemas socioambientais atuais: a necessidade de armazenas os resíduos sólidos e de obter energias renováveis. Com o crescimento desse mercado, há o fortalecimento da economia local, mais qualidade de vida para quem sofre com a falta de energia e também redução da quantidade de pessoas que sofrem com a falta de dignidade ao trabalhar informalmente nos lixões.
Autora: Niña Fontana
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