O lixo espacial é um grande obstáculo para a humanidade, especialmente com o avanço contínuo da tecnologia que permite enviar astronautas ao espaço. Desde o lançamento dos primeiros satélites, muitos cientistas já se preocupavam com a poluição que esse tipo de resíduo poderia causar no futuro. Hoje, a queima de satélites na atmosfera terrestre está gerando um novo tipo de poluição, que pode se tornar uma grave ameaça ambiental. No entanto, essa forma de contaminação parece escapar tanto dos tratados espaciais internacionais quanto das regulamentações ambientais focadas na Terra.
De acordo com dados apresentados no workshop realizado na Universidade de Southampton, em 2023, 200 toneladas métricas de satélites queimaram na atmosfera, e esse número deve aumentar para 3.600 toneladas até 2033. Isso representa mais de 20% dos meteoritos que naturalmente entram na atmosfera todos os anos, criando um risco ambiental significativo.
E por que esse problema é tão grave?
Bem, quando os satélites entram de volta na atmosfera da Terra, eles, normalmente, se desintegram, ao queimar por causa da velocidade e do atrito, liberando assim, partículas na atmosfera, incluindo metais com potencial de piorar a crise ambiental. Pesquisadores alertam que os produtos químicos liberados durante a reentrada de satélites, como o óxido de alumínio, estão elevando preocupações globais e sugerem a inclusão desses compostos no Protocolo de Montreal de 1987, que proíbe substâncias danosas à camada de ozônio.
Além disso, a alumina é conhecida por danificar a camada de ozônio, que protege o planeta da radiação ultravioleta. Ela preocupa especialmente os cientistas porque pode afetar tanto o clima quanto a camada de ozônio. Ao atuar como um "protetor solar" na atmosfera, a alumina poderia, teoricamente, reduzir o aquecimento global.
Vale ressaltar que nenhum dos tratados espaciais existentes aborda essa nova ameaça. Rachael Craufurd Smith, especialista em direito espacial da Universidade de Edimburgo, destacou que a Convenção de Responsabilidade de 1972 responsabiliza os estados por danos causados por suas naves espaciais, mas não cobre impactos ambientais das reentradas atmosféricas. Já Andrew Bacon, da empresa Space Forge, destacou que os legisladores internacionais precisam agir rapidamente para evitar que a situação se agrave. "Se não fizermos nada, veremos o impacto global nos próximos 10 anos", alertou Kim, em entrevista ao Space.com.
Entretanto, as pesquisas sobre os efeitos dos foguetes e do lixo espacial ainda estão em estágios iniciais; ou seja, ainda não é possível entender quais serão todas as consequências desses poluentes espaciais.
Redatora: Cristiane
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