Quando os portugueses chegaram ao Rio de Janeiro, por volta de 1500, se depararam com uma baía, que na época, foi confundida com a foz de um rio, descobriram, logo depois, com os índios temiminós, que aquela não era uma foz, mas uma exuberante baía oceânica, cheia de vida, rica em fauna e flora. Durante muitos séculos, a Baía de Guanabara foi um santuário da biodiversidade dos trópicos. Seus mangues, florestas alagadas, rios e águas oceânicas eram habitat de centenas de espécies, como botos, tartarugas-marinhas, caranguejos, aves e até baleias-franca, que no passado, em sua rota migratória, faziam parada obrigatória por ali. Todavia, anos depois, a urbanização e o crescimento desenfreado do estado do Rio de Janeiro foram responsáveis por jogar toneladas de lixo e poluição na Baía de Guanabara. Por exemplo, a redução do número de golfinhos se deve provavelmente à mortalidade. Alguns poucos, no entanto, podem ter migrado e abandonado a Baía, fenômeno é pouco provável, pois o boto-cinza costuma permanecer em sua área de nascimento, a mortalidade está diretamente relacionada às atividades humanas. Infelizmente, a contaminação é feita por uma série de poluentes na Baía de Guanabara. Há lançamento de esgoto sem tratamento, contaminação por mercúrio encontrado nos peixes, 1 bilhão de litros de chorume por ano em função dos lixões, poluentes derivados de óleos, de cozinha até combustíveis e microplásticos. Todos esses poluentes, a degradação do ar e a alteração na oferta de alimentos afetam a saúde da fauna da Baía de Guanabara. Mas mesmo com toda sujeira e perda de habitat, centenas de espécies de animais ainda sobrevivem na região.
A Baía de Guanabara já foi um abundante berçário de baleias e golfinhos e ainda tem grande tráfego marítimo, o local é uma das principais áreas de ocorrência de animais que passam pelo Rio durante migração, o local apesar da poluição e do tráfego pesado de embarcações, ainda se mostra de grande importância à fauna marinha. O boto-cinza, por exemplo, é residente da Baía de Guanabara, mas não vive sozinho, a fauna é realmente muito diversa, e nela se encontram tartarugas verdes juvenis, pequenos tubarões, raias e aves como os atobás, fragatas e trinta réis. Há alguns golfinhos que, mesmo não residindo na Baía, a visitam regularmente. Tal atitude é chamada “fidelidade de sítio”, e é o caso de algumas espécies de baleias que, no verão, ficam próximas à Baía para se alimentar. É também o que acontece com o golfinho-nariz-de-garrafa e o golfinho-de-dentes-rugosos, este último já catalogado pelo Maqua (Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores da UERJ) desde 2009, o que permitiu aos pesquisadores descobrir que mais de 200 golfinhos retornam à Baía regularmente.
Em 2019, Pesquisadores do Maqua foram surpreendidos em um final de semana por um grupo gigantesco de golfinhos e por uma baleia-jubarte na baía de Guanabara. Os cientistas estavam em um barco quando começaram a ser “escoltados” por mais de 500 golfinhos-pintados-do-Atlântico, eles alegaram que foi a primeira vez que um grupo tão grande de pintados os acompanhou durante todo o tempo do Maqua e além disso, algo ainda mais especial ainda aconteceu depois e foi registrado por um drone, o encontro dos animais com a jubarte.
Foto: reprodução TV Globo
Os golfinhos ficaram brincando por um bom tempo com a baleia, que media cerca de 11 metros. Nestas mesmas semanas, várias jubartes foram avistadas no litoral do Rio de Janeiro. Depois de deixar a Antártica, em determinada época do ano, elas passam na região a caminho do Nordeste para se reproduzir por lá.
O Maqua já identificou a presença de 170 golfinhos-de-dentes-rugosos no litoral fluminense, somente na faixa entre as baías de Guanabara e Ilha Grande. E chegaram a uma conclusão surpreendente: há um rodízio no entra-e-sai dos bichos na baía carioca. Entram 15 num período, depois mais 15 diferentes, e assim por diante.
Foto: reprodução TV Globo
A presidente do Canal Novo Mundo, Thaiane Maciel, fez visita em conjunto com o Projeto Baleia Jubarte no Rio de Janeiro e avistaram 19 baleias. O Projeto Baleia Jubarte vai seguir para outros locais do Brasil, tendo como missão conservar as baleias jubarte e outros cetáceos do Brasil.
Texto autoral de Emely Cristine - Voluntária de Conteúdo do Canal Novo Mundo
Referências Bibliográficas:
CAMARGO, Susana. Grupo de mais de 500 golfinhos dá espetáculo na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Conexão Planeta, 2019. Disponível em: https://conexaoplaneta.com.br/blog/grupo-de-mais-de-500-golfinhos-da-espetaculo-na-baia-de-guanabara-no-rio-de-janeiro/ . Acesso em: 21 de julho de 2022.
Conheça a luta do Maqua, da Uerj, para salvar os botos da Baía. Diário do Porto, 2020. Disponível em: https://diariodoporto.com.br/maqua-uerj-pesquisa-os-cetaceos-na-baia-de-guanabara/ . Acesso em: 21 de julho de 2022.
ALENCAR, Emanuel. Visitantes nada inconvenientes. Projeto Colabora, texto publicado em 12 de agosto de 2017, atualizado em 7 de setembro de 2021. Disponível em: https://projetocolabora.com.br/ods6/visitantes-nada-inconvenientes/ . Acesso em: 21 de julho de 2022.
Baleias e golfinhos no mar do Rio de Janeiro. Neo Mondo, 2017. Disponível em: https://neomondo.org.br/2017/09/19/baleias-e-golfinhos-no-mar-do-rio-de-janeiro/ . Acesso em: 21 de julho de 2022.
PINHEIRO, Eliane. A Baía de Guanabara, um olhar sobre a história. Museu do Amanhã. Disponível em: https://museudoamanha.org.br/livro/07-a-baia-de-guanabara-um-olhar-sobre-a-historia.html . Acesso em: 21 de julho de 2022.
MEIRELES, Taís. Golfinhos-de-dentes-rugosos são os astros da Baía de Guanabara. WWF Brasil, 2017. Disponível em: https://www.wwf.org.br/?58463/Golfinhos-de-dentes-rugosos-so-os-astros-da-Baa-de-Guanabara . Aceso em: 21 de julho de 2022.
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