A cada novo estudo publicado sobre as mudanças climáticas e suas consequências, a preocupação aumenta. Em julho deste ano, dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres apontam que o número de reconhecimentos federais de situações de emergência por conta de desastres naturais aumentou 84% nos últimos 10 anos. Em entrevista a TV Cultura, o professor, especialista em mudanças climáticas da USP e membro da UNESCO sobre sustentabilidade Alexander Turra, relatou que os impactos estão cada vez mais evidentes e destaca que as mudanças climáticas têm exacerbado fenômenos climáticos já existentes, resultando em períodos mais intensos de chuvas e secas.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
E é sobre isso que vamos conversar hoje, recentemente um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Geológico, órgão extinto pelo Governo paulista em 2020, e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) projeta um aumento de até 6ºC na temperatura em parte do Estado até 2050. Segundo o documento, divulgado pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), os cientistas consideraram dois cenários, com projeções elaboradas a partir de quatro modelos climáticos e nove variáveis de temperatura, a projeção para o período entre 2020 e 2050 se baseia em um comparativo com dados coletados entre 1961 a 1990, a conclusão é de que as ondas de calor ganharão mais força até 2050, podendo durar até 150 dias com temperaturas muito altas em todo o estado, resultando em riscos graves para crianças e idosos.
As previsões para o litoral paulista são ainda mais preocupantes. A pesquisa aponta um aumento significativo de temporais severos e eventos climáticos catastróficos, o que pode afetar drasticamente a vida das comunidades costeiras.
Elevação do nível do mar: O aumento do nível do mar pode causar inundações e erosão das praias.
Desapropriações: Regiões costeiras podem se tornar inabitáveis, forçando a migração de populações.
Impacto no turismo: O setor turístico pode enfrentar grandes desafios.
Esses efeitos combinados representam um grande desafio para as autoridades locais, que terão que se adaptar a essas mudanças e tomar medidas preventivas para minimizar os impactos negativos. “Este estudo foi encomendado pelo próprio Estado, e é um documento importantíssimo para lembrar que a emergência climática é real e pode trazer consequências devastadoras para o planeta, e também para o Estado mais rico do Brasil, que pode ter sua economia fortemente atingida se as projeções se confirmarem”, comenta Helena Dutra Lutgens, presidente da APqC.
Algo a ser destacado é que, apesar dos dados apresentados na pesquisa, o Estado não parece estar atento ao que a ciência alerta, porque tem adotado, nos últimos anos, medidas que fragilizam o sistema paulista de ciência e tecnologia, como a extinção do próprio Instituto Geológico, autor do estudo, do Instituto Florestal e do Instituto de Botânica, além da Sucen, que também poderia contribuir diante deste cenário estudando a mudança de comportamento de vírus e de vetores. Além disso, a APqC cobra do Estado um plano de ação para conter o avanço do aquecimento em São Paulo, medidas efetivas para preservar as áreas de conservação e a recriação dos Institutos Geológico, Florestal e Botânica, bem como a Sucen.
Portanto, as medidas apresentadas incluem mitigar os efeitos futuros das mudanças climáticas e reduzir os possíveis riscos e danos que o estado de São Paulo poderá sofrer, no entanto, essas atitudes precisam ter iniciativas não somente no governo mais também na sociedade, desempenhar ações que fomentem a educação ambiental e que garantam melhorias para o meio ambiente é crucial. Se você ainda não sabe por onde começar, aqui estão algumas dicas: Utilizar a água de forma mais consciente, evitando desperdícios; optar por transportes públicos, bicicletas ou caminhadas em vez de veículos particulares, separar resíduos e encaminhá-los para reciclagem e participar e apoiar iniciativas e projetos de preservação ambiental. Com a colaboração de todos, é possível criar um ambiente mais sustentável e menos vulnerável às mudanças climáticas previstas para os próximos anos.
Por, Cristiane Silva.
REFERENCIAS
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