A Amazônia é mundialmente conhecida por sua imensa biodiversidade e abundância de recursos hídricos, mas, ao mesmo tempo, muitas comunidades da região enfrentam um desafio cada vez maior: a falta de água potável. O fenômeno da seca, que se intensificou entre 2022 e 2024, tem deixado milhares de pessoas em áreas ribeirinhas e indígenas sem acesso a esse recurso essencial para a vida.
O impacto das secas prolongadas
Nos últimos anos, a combinação dos fenômenos climáticos La Niña e El Niño tem afetado drasticamente o regime de chuvas na Amazônia, especialmente nas regiões sul e sudoeste da bacia amazônica. Essas mudanças climáticas resultaram em uma redução significativa nos níveis dos rios, prejudicando o abastecimento de água e a navegação, principal meio de transporte para muitas dessas comunidades. A estiagem de 2023 foi particularmente severa, sendo registrada como uma das mais intensas da história recente.
Em municípios como Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, e Coari, no Médio Solimões, os moradores estão vivendo um verdadeiro drama. Além de perderem a capacidade de pescar e cultivar, muitos enfrentam dificuldades até para comprar água potável, cujo preço disparou. Em 2023, um galão de água chegou a custar R$ 27, um valor inacessível para a maioria das famílias da região.
A crise climática e a degradação ambiental
Especialistas apontam que, além dos ciclos naturais de seca, a ação humana tem desempenhado um papel crucial no agravamento da crise hídrica na Amazônia. O desmatamento, as queimadas e a degradação florestal estão modificando o microclima da região, o que contribui para a intensificação das secas. A floresta, ao perder sua cobertura vegetal, perde também a capacidade de regular o ciclo da água hidrológico, o que aumenta ainda mais a vulnerabilidade das comunidades.
Além disso, a destruição das florestas colabora para o aumento das temperaturas locais, tornando mais insuportável o calor durante os períodos de estiagem. Muitas dessas comunidades, como a indígena Apurinã, em São José da Fortaleza, já relatam dificuldades extremas para suportar o calor, que agrava a falta de água e as condições de vida.
Soluções emergenciais e sustentáveis
A crise hídrica na Amazônia exige uma resposta rápida e eficiente. Soluções emergenciais, como o transporte de água potável por embarcações ou caminhões, têm sido adotadas, mas essas medidas são caras e difíceis de manter a longo prazo. Além disso, a infraestrutura para captar e armazenar água da chuva é escassa em muitas dessas áreas, deixando as comunidades dependentes de recursos externos.
Organizações ambientais e cientistas alertam que, para mitigar os efeitos da seca e evitar que crises semelhantes se tornem mais frequentes, é fundamental investir em iniciativas de preservação ambiental. A restauração de áreas degradadas, a proteção das florestas e a implementação de políticas de educação ambiental são medidas essenciais para garantir a sobrevivência das populações locais e a preservação dos ecossistemas amazônicos.
Redatora: Raquel Oliveira
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