Nos últimos tempos, com os diversos desastres naturais e altas temperaturas no Brasil, as pautas relacionadas ao aquecimento global e às mudanças climáticas estão em alta. Com tantos problemas relacionados a ações humanas, as pessoas estão com cada vez mais medo e menos esperança de que é possível mudar. Será que, mesmo com uma grande mobilização política, social e econômica, está tudo perdido? Como um exemplo de que é possível mudar através de grandes mobilizações foi o Protocolo de Montreal, que tratava de resolver a degradação da camada de ozônio.
A camada de ozônio, localizada na nossa estratosfera, é responsável por absorver completamente os raios UVC e parcialmente os raios UVB. Os UVC são muito radioativos, causando sérios danos à saúde ambiental e humana. Em 1974, foi publicado um estudo que comprova que essa barreira de raios solares estava sendo destruída devido a liberação do gás CFC (clorofluorcarboneto), que reagem com o gás ozônio (O3), como os que eram usados em resfriadores de ar condicionado e geladeiras, e esse ozônio era degradado e transformado em outra molécula. Dessa forma, o funcionamento da vida na Terra estava sendo ameaçado. Entretanto, segundo a reportagem do BBC News, a reação dos fabricantes de CFCs foi bastante semelhante à atual reação da indústria petroquímica e de carvão. Houve grande negacionismo por parte da população, mesmo com o aumento de evidências, como a comprovação do buraco na camada de ozônio no polo sul.
Medidas só começaram a ser tomadas em 1985, mais de 10 anos depois da publicação dessa pesquisa, quando houve uma reunião na Áustria contando com a presença de diversas nações para debater sobre a proteção da camada de ozônio. A partir dessa conferência, foi desenvolvida a Convenção de Viena, um documento com várias obrigações a serem cumpridas pelos governos. Isso contribui para que, em 1987, surgisse o Protocolo de Montreal, tratado internacional que entrou em vigor em 1989, assinado por muitos países com o intuito de reduzir progressivamente o consumo de substâncias destruidoras de ozônio até total eliminação. Importante ressaltar que essas obrigações diferenciavam de país para país, conforme sua realidade econômica e social. No Brasil, o consumo de CFC e diversas outras substâncias foram proibidas, além da adoção de medidas de restrição de muitas outras.
Atualmente, é possível observar que a camada de ozônio está se regenerando, graças à colaboração de todos os países envolvidos. Cientistas prevêem que em 2030 haverá completa regeneração nas latitudes médias e em 2050 no hemisfério sul, sendo inteiramente recuperada em 2060.
Dessa forma, resgatando esse acordo ambiental de maior sucesso, retomo a pergunta: será que não há mais esperança para a paralisação do aquecimento global? Será que, se reunirmos todas as nações e tomarmos medidas para que devidas mudanças sejam feitas, não podemos interromper esse desastre?
Fontes bibliográficas:
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