Tornaram-se evidentes os impactos que a ação antrópica tem no cenário climático do planeta. Assim, gerou-se uma série de mudanças climáticas, que são transformações de longo prazo nos padrões de temperatura e clima. Essas variações têm se agravado nos últimos anos e são responsáveis por diversos eventos desastrosos que vem ocorrendo. Dito isso, não há nenhum lugar no mundo que não esteja vivenciando as consequências das mudanças climáticas, mas certamente uns sentem mais que outros.
As modificações no clima produzem tanto a ocorrência de desastres ambientais (como incêndios, furacões, deslizamentos, enxurradas, etc) quanto a de eventos de início gradativo (como desertificação, aumento do nível do mar, derretimento das calotas polares, degradação de solos, etc). Consequentemente, esses acontecimentos impulsionam os fluxos migratórios, que podem ocorrer dentro ou fora dos limites nacionais. Essa migração ambiental acontece principalmente com a parcela mais pobre da sociedade que vive em condições de vulnerabilidade socioambiental, logo são mais suscetíveis a sofrerem com os impactos ambientais. Além disso, moradores de pequenas ilhas e países costeiros possuem maiores preocupações, pois nessas áreas a degradação é mais perceptível para população, também por sofrerem com eventos como maremoto e tsunami. Esses impactos destroem as moradias e as formas de sustento dos moradores, e com isso são obrigados a se deslocarem, à procura de um refúgio.
Esse fenômeno de refugiados ambientais tem aumentado nos últimos trinta anos. Em 2020, foram registrados que mais de 30,7 milhões de novos deslocamentos ocorreram devido a desastres relacionados ao clima. Então, comprovou-se que os desastres climáticos já provocaram três vezes mais deslocamentos do que conflitos e violência. É estimado que vão existir de centenas de milhões a 1 bilhão de imigrantes, entretanto, estamos em um período em que diversos países limitam suas políticas migratórias. Além disso, se tornou algo alarmante para a segurança internacional, já que agrava os conflitos internacionais. Ainda, um relatório do Banco Mundial comprova que a mudança climática irá expulsar 140 milhões de pessoas de suas casas, nos próximos 30 anos.
Para possibilitar a análise da vulnerabilidade de cada país, é divulgado anualmente o índice global de risco climático (CRI). Entre os países mais vulneráveis, de 1990 a 2008, seis estão na Ásia e quatro estão no caribe, muito porque eles possuem alta densidade demográfica, precariedade socioeconômica e posição geográfica instável. Também, todos são ou países costeiros ou ilhas.
Além de sofrerem com os desastres, os refugiados, ao se deslocarem irão lidar com a recepção de um novo território. Como o caso de Yahya Koronio Kona, de Mali, que em 2013 observou o lago perto de sua casa secar por completo, devido aos períodos de estiagem. Ao se mudar para uma cidade vizinha, o aumento da demanda por recursos foi gerando tensões com as comunidades locais, assim, ele teve que ir para Mauritânia em 2019. E como ele, milhões de malianos cruzaram a fronteira para a Mauritânia e outros países vizinhos, incluindo Níger e Burkina Faso, e lá se depararam com várias dificuldades também.
No geral, as populações afetadas tendem a se deslocar para áreas próximas para terem a possibilidade de retornar às suas terras, se for possível. Como destaca o pesquisador Jesús Crespo Cuaresma: "A migração pode ser uma estratégia de adaptação eficaz, mas também pode ser involuntária e ter consequências importantes tanto para os migrantes quanto para as pessoas dos países de destino". Para ele: "A melhor maneira de proteger os afetados é estabilizar o clima global”.
Por: Beatriz Wong
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