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Foto do escritorNicole Cruz

Quilombo Kalunga: a garantia de proteção do Cerrado

O Território Quilombola Kalunga está localizado na Chapada dos Veadeiros, no norte de Goiás, e seu modo de vida tradicional está entrelaçado com a conservação do bioma Cerrado.


Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, contemplando os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Piauí, Maranhão, Rondônia, Pará, Paraná, e Distrito Federal. Esse território concentra as nascentes das três maiores bacias hidrográficas sul-americanas: Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata. Além disso, possui grande abundância em espécies endêmicas, ou seja, muitas espécies só existem nesse território. Quanto a relações sociais, o Cerrado abriga muitas comunidades tradicionais, como comunidades indígenas, ribeirinhos e quilombolas, como o Quilombo Kalunga, muito importante na conservação desse bioma.



O Território Kalunga é o maior território quilombola do país, formado há centenas de anos. Abrange três municípios do Goiás: Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre de Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros. De acordo com reportagem do G1, em 2021, a região Kalunga foi reconhecida por um programa ambiental da ONU como primeiro território brasileiro conservado pela comunidade. Esse título é dedicado a locais que conservam a natureza e concomitantemente preserva o bem-estar da população.



As práticas ancestrais dessa comunidade, como uso do fogo para manejar as áreas do campo nativo, a utilização das plantas típicas para medicação e alimentação, e a rotação de plantio, mantêm uma relação essencial com o Cerrado. Junto a esses fatores, em 2011, foram ativadas as brigadas Kalunga, contribuindo para a transformação do manejo do fogo no bioma. Essas brigadas forneceram educação ambiental e apoio à comunidade para o controle das queimadas. Para isso, foram entrelaçados os conhecimentos antepassados a técnicas adaptadas às mudanças climáticas, o que resultou na diminuição dos impactos negativos de incêndios descontrolados.



Conforme uma notícia divulgada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), 83% de todo o Sítio Histórico Kalunga mantêm-se preservado, contrastando com a realidade do estado goiano, o qual só possui 30% da vegetação nativa remanescente. Portanto, no cenário atual em que o Cerrado encontra-se ameaçado e que as populações nativas estão perdendo seus direitos, o reconhecimento internacional dessa comunidade como essencial para a preservação desse bioma é um importante passo para que sejam protegidas essa e outras comunidades tradicionais que também resguardam os seus ecossistemas naturais.


Redatora: Nina Fontana

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