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Mylena Larrubia

Seis pontos-chave em que a biodiversidade pode melhorar a mitigação das mudanças climáticas

As mudanças climáticas têm se intensificado cada vez mais e buscar medidas de mitigação é vital para a conservação da biodiversidade do planeta. Em artigo publicado na revista BioScience, diversos pesquisadores explicam o que precisa ser feito para que a biodiversidade seja preservada e as mudanças climáticas sejam mitigadas.


O foco na remoção de CO2 da atmosfera pode mascarar outros desafios na preservação da biodiversidade. É necessário que haja uma simetria entre as agendas ambientais para se alcançar melhores resultados.


Os eventos meteorológicos extremos e as catástrofes que estão ocorrendo com cada vez mais frequência e intensidade, em diversos lugares do planeta, estão relacionados às alterações do clima, trazendo uma gama de prejuízos, como perdas econômicas, sociais e ambientais sem precedentes. Portanto, focar somente na meta das emissões líquidas zero de carbono para 2050 sem ter um olhar para as questões da biodiversidade, que precisam estar integradas na agenda climática internacional, pode não trazer os resultados esperados. A crise do clima acelera a perda da biodiversidade, degrada ecossistemas e reduz a mitigação das alterações climáticas quando diminui o sequestro de carbono, o que agrava o impacto desses fenômenos meteorológicos extremos, ou seja, esse ciclo precisa ser interrompido.


Diante disso, se faz necessário uma abordagem integrada no enfrentamento à crise climática e da biodiversidade. O estudo, então, destaca seis maneiras de proteger, conservar e restaurar a biodiversidade, a fim de mitigar os efeitos das mudanças climáticas.


Seis pontos-chave em que o combate à crise da biodiversidade pode contribuir para uma solução eficaz para a emergência climática (topo). Abaixo é mostrado como estes seis pontos-chave podem ser traduzidos em metas para resolver conjuntamente as crises gêmeas (Fonte: Reprodução / IHU Unisinus / Ilustração: Walisson Kenedy-Siqueira)

1. Conservação dos estoques e sumidouros de carbono 

As atuais abordagens podem não promover os benefícios climáticos prometidos se os ecossistemas nativos forem substituídos por plantações monoespecíficas exóticas e se a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas não forem considerados no planejamento. Cada ecossistema possui sua importância na biodiversidade e precisa ser preservado, sobretudo porque a maior parte do carbono fica armazenada no solo e não nas árvores, por exemplo, a preservação do solo de uma pastagem age como sumidouro de carbono e, se há remoção ou substituição da vegetação por uma plantação monoespecífica, o sumidouro pode se tornar uma fonte.


2. Restauração da biodiversidade

A restauração não é apenas o plantio de árvores e a cobertura de terras devastadas com qualquer tipo de vegetação. Existe um padrão para todos os tipos de ecossistemas, sem levar em consideração a diversidade de espécies, bem como o conhecimento da vegetação vizinha ao local onde vai ser feita a restauração. É preciso abarcar a diversidade de espécies nativas quando se pensa em restauração, com o objetivo de aumentar a conectividade ambiental, assim como restabelecer os benefícios proporcionados pelo ecossistema restaurado.


3. Conservação integrada da fauna e da flora

Os animais selvagens têm um papel fundamental nos ecossistemas, sendo componentes-chave das soluções naturais para enfrentar a crise do clima, podendo aumentar a capacidade de prevenção do aquecimento global para além de 1,5ºC. Eles auxiliam na mitigação e adaptação às mudanças climáticas de várias formas: aumento dos estoques de carbono, complexidade trófica, heterogeneidade dos habitats e na polinização, dispersão e propagação das plantas. Por isso, é essencial integrar a conservação da fauna e da flora, o que vai manter a conservação do ecossistema em geral, harmonizando com sua biodiversidade.


4. Utilizar apenas áreas existentes de agricultura, pastagem e silvicultura

É claro que diversos tipos de plantações têm sua importância para a subsistência humana, seja do ponto de vista econômico ou alimentar, mas a expansão desenfreada dessas plantações acaba por ter impactos devastadores, como perda da biodiversidade e de habitat, degradação do solo e impacto em serviços ecossistêmicos, como o fornecimento de água. É preciso melhorar e equilibrar a gestão da terra em áreas já existentes de agricultura, pastagem e silvicultura, pois elas são suficientes para a subsistência humana. 


5. Incorporar a biodiversidade nos modelos de negócios

O setor privado pode ser um importante propulsor no enfrentamento à crise do clima e da biodiversidade, mas ainda há muito o que se avançar nesse quesito. Uma análise feita pela Fortune Global 500 mostrou que 83% das empresas privadas têm objetivos relacionados ao clima, especialmente no setor de transportes, mas apenas 51% das empresas reconhecem a perda da biodiversidade e somente 5% foram capazes de estabelecer metas quantificadas para além do reconhecimento. É importante que empresas e instituições financeiras definam bem suas metas de sustentabilidade e recebam incentivos.


6. Conferências conjuntas sobre biodiversidade e clima das partes

Alinhar políticas e ações entre setores e escalas é essencial para alcançar emissões líquidas zero, por isso, o enfrentamento à crise climática e de biodiversidade deve ser em conjunto, integrando conferências ambientais, pautando acordos multilaterais e instituições internacionais, integrando especialistas, alinhando métodos e proporcionando uma melhor avaliação dos compromissos com as políticas ambientais. 


Além da importância do compromisso ambiental de governanças, líderes e especialistas, é preciso trazer a sociedade civil para tais discussões e, juntos, todos enfrentarmos a crise climática e da biodiversidade


Redatora: Juliana Correia


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