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Foto do escritorIrene Lima

Tecnologias Verdes: novos caminhos para uma produção mais sustentável

Hoje em dia, é difícil encontrarmos uma pessoa que não possua qualquer tipo de equipamento eletrônico, seja ele um celular, um computador, tablet ou até um videogame, os produtos tecnológicos estão à nossa volta a todo momento, tentando criar uma vida mais confortável para todos. Somos muitas vezes dependentes destes serviços tecnológicos em nosso dia a dia, como também em nossos empregos. Com a distribuição da tecnologia alcançando toda a população mundial, podemos saber o momento exato em que uma informação é noticiada em qualquer país, além de formular cálculos, medições, estatísticas, mapeamento e muito mais com uma precisão maior que a do cérebro humano! Ou seja, a Revolução Tecnológica, que teve início na Segunda Revolução Industrial com o aparecimento das fontes de energia, faz parte efetiva de nossas vidas em seu cotidiano e é por meio dela que diminuímos as barreiras do conhecimento e da comunicação.



Fernanda Andrade (2022)


Junto com essa evolução de pensamento, comunicação e informatização, o uso da eletricidade e dos equipamentos elétricos vem cada dia mais sendo explorado, e com isso a natureza também. Ao longo da evolução dos meios de energia, passamos de fontes que vão do uso do carvão até a criação de hidroelétricas e o uso do petróleo, que são a maior fonte de energia utilizada para o abastecimento das cidades brasileiras atualmente. Para criação de uma hidroelétrica ou a extração do petróleo criamos impactos no meio ambiente, como, respectivamente, no desvio de rios e formação de barreiras e na perfuração de rochas encontradas entre 800 e 6.000 metros de profundidade, passando por áreas com gases tóxicos e destruindo o ecossistema sedimentar marinho. Estes meios de produção de energia, e seus produtos, contribuem com o aquecimento global, gerando uma grande quantidade de gases estufas, degradando os biomas e a atmosfera do planeta.


Além do impacto causado pela produção da energia, há também o impacto que se refere a produção dos materiais para os produtos tecnológicos e seu descarte. Por esses resíduos serem materiais de alta tecnologia, podem apresentar substâncias tóxicas e metais pesados, como o chumbo, mercúrio, cromo e cádmio, que são capazes de contaminar o solo, a água e os alimentos. O Monitor Global de Lixo Eletrônico 2020, promovido pela ONU, demonstra que o mundo gera mais de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, sendo o continente Asiático o maior produtor, seguido pelas Américas e a Europa. Na América Latina foi comprovado pela ONU que a geração de lixo eletrônico aumentou 49% em nove anos, variando de 0,9 milhões de toneladas em 2010 para 1,3 milhões de toneladas em 2019. De todo o lixo produzido pela América Latina, o Brasil é responsável por 2 milhões de toneladas produzidas, virando o quinto maior produtor mundial de lixo eletrônico. O relatório também indica que o mundo coletou e reciclou cerca de 17,4% destes resíduos em 2019, sendo somente 2,7% do total de resíduos eletrônicos coletados da maneira correta na América Latina. Porém o mais alarmante, é a previsão para 2030, que presume um aumento do dobro da quantidade de resíduos em apenas 16 anos, atingindo o total de 74 milhões de toneladas, o que faz com que o fluxo de lixo eletrônico seja o que mais cresce no mundo, principalmente por suas taxas de consumo, seu ciclo de vida curto e poucas opções de reparos.



Freepik (2022)


Uma estratégia para a mudança deste cenário de degradação para o futuro é a instalação do meio de produção que preza pelo menor impacto possível ao meio ambiente, que se preocupa com o processo de saída, transporte, armazenamento e recolhimento de produtos a fim de melhorar o ciclo de produção de uma forma mais sustentável. Chamado de Tecnologia Verde ou TI Verde, esse conceito visa atingir o processo produtivo sustentável, isto é, busca conduzir o ciclo de vida de um produto de forma responsável, consciente e sustentável. Seu principal objetivo está na utilização dos recursos e infraestruturas de tecnologia de forma eficiente, reduzindo o consumo de energia e, portanto, a exposição de carbono. O conjunto de técnicas, materiais, métodos e pesquisas no campo das tecnologias verdes vão desde a geração de energia e a produção de alimentos saudáveis, até a criação de produtos de limpeza não poluentes. Junto com a Economia Circular, esse conceito novo de tecnologia pode fazer parte de um novo patamar da sociedade ecologicamente engajada, com a produção sustentável e o melhor reaproveitamento dos resíduos descartados. Ou seja, a tecnologia verde junto com a economia circular garantem uma forma eficaz de consumo e produção de produtos industriais sustentáveis ao longo dos anos, sendo uma sustentada pela outra.


As práticas da tecnologia verde nas organizações produtivas visam: o desenvolvimento de produtos responsáveis em todo seu ciclo (desde a redução do uso de materiais naturais em sua fabricação até a eliminação correta dos resíduos); a redução da emissão de carbono através do uso de energia limpa ou soluções que geram eficiência e economia nos custos de energia elétrica; na realização da gestão de resíduos sólidos, no descarte correto do lixo eletrônico, na coleta de materiais recicláveis, Estudos reaproveitamento dos resíduos de produção, entre outros; na redução do uso da água nas operações diárias das empresas; e na modificação da distribuição de empresas e modelos de gestão para otimizar os processos e entregar eficiência nas operações.


A Lei 12.305/2010 visa melhorar a gestão dos resíduos sólidos com base na divisão de responsabilidades entre a sociedade, o poder público e a iniciativa privada, se destacando como um incentivo à sustentabilidade. Incluindo desde políticas de coleta seletiva, os sistemas de logística reserva, e o incentivo a criação e desenvolvimento de cooperativas e associações dos catadores de materiais recicláveis. Empresas que produzem materiais perigosos ao meio ambiente são obrigadas a realizar um sistema de coleta dos produtos após seu descarte pelos consumidores, nomeando o sistema de logística reversa. Os lixos eletrônicos se caracterizam por serem produzidos de materiais tóxicos, sendo perigosos para o meio ambiente e dificultando sua reciclagem, mas para sua confecção também se usam materiais de valor, como ouro, prata, cobre, platina e outros elementos. Com isso, a mineração urbana vem sendo discutida como uma abordagem de redução do desperdício e fonte de matéria prima, pois cada uma tonelada de cobre retirada da natureza, são gerados 300 vezes mais rejeito.



Freepik (2022)


Estudos e casos recentes


As pesquisas relacionadas à geração de energia verde, no Brasil, estão cada vez mais presentes. A USP (Universidade de São Paulo), em parceria com a Shell Brasil, Raízen, Hytron e com o braço de inovação em biossintéticos e fibras do Senai (CETIQT), anunciou, no dia primeiro de setembro de 2022, que iram desenvolver uma tecnologia capaz de transformar etanol em hidrogênio verde. A iniciativa pretende promover uma solução de baixo carbono para o transporte pesado e indústrias poluentes, além da inauguração do primeiro posto de hidrogênio verde a base de etanol do mundo. Sendo assim, o Brasil foi escolhido para liderar o grupo de trabalho internacional para certificação da produção de hidrogênio verde, aprovada dia 12 de setembro pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) com consentimento e representantes do setor em todos os continentes participantes do Comitê Internacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (Cigre, França) com iniciativas previstas para o primeiro semestre de 2023.


Um estudo realizado pelo Instituto 17, referência em biogás do país, identificou que Minas Gerais pode produzir em curto prazo um volume de 1,1 bilhão de Nm³ do produto ao ano, partindo de três nichos importantes: a indústria, a pecuária e o saneamento. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) aposta em boas expectativas para a transformação do estado como uma grande usina de energia verde, mas para que o desenvolvimento seja concretizado de forma acelerada alguns pontos são fundamentais. Segundo a pesquisadora Leidiane Mariana sugere, é fundamental que haja um padrão estadual de licenciamento ambiental para projetos de biogás, o incentivo de cadeias de fornecimento pelas cidades, métodos que permitam os cálculos locais referente aos benefícios e condições fiscais de diferentes tecnologias para este tipo de energia.


Com os empresários e consumidores cada vez mais repensando em seu hábitos de consumo, o enfoque em meios de energia renováveis chega também no cotidiano das pessoas, incentivando todos os setores para que suas formas de produção se assemelham cada vez mais à sustentabilidade. Segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e da Brain Inteligência Estratégica, 66% dos brasileiros já consideram importante ter energia solar em suas casas e 56% pagariam por uma residência com tecnologia verde, como a reutilização de água de chuvas ou águas cinzas e 57% das pessoas preferem moradias com espaços arejados e integrados com a natureza. Outra solução no setor imobiliário é a assinatura dos móveis residenciais, que incentiva o aluguel de móveis, promovendo o uso eficiente dos recursos e o aumento da vida útil das mobílias, dando autonomia ao consumidor escolher exatamente o que quer e pelo período necessário. Todos os anos, somente nas grandes cidades de São Paulo, são enviadas 27 mil toneladas de resíduos para aterros sanitários, com sua maior parte formada por móveis que são descartados antes do final de sua vida útil e de maneira incorreta.


Além das inovações no setor imobiliário, podemos ver mudanças também no setor alimentício. A Ambev, junto com a Avantium (empresa de tecnologia química e renovável), firmam um acordo para a implementação do PEF (polietileno furanoato) como uma alternativa 100% vegetal e 100% reciclável de PET, chamado também de PET verde. Com o trabalho conjunto de duas empresas para o desenvolvimento do PET verde, a partir de biomateriais, as garrafas com multicamadas também apresentaram vantagens funcionais para maximizar o sabor e a efervescência do refrigerante. Por possuir barreiras mais eficientes que o PET comum, o PEF retém por mais tempo o gás presente na bebida, garantindo mais frescor e prolongando a qualidade das bebidas, podendo também diminuir a quantidade de microplástico encontrada nos alimentos.


Segundo um estudo revisado pelos pesquisadores da Universidade de Oxford, espera-se que a transição para um sistema de energia descarbonizado, por volta de 2050, economize ao mundo pelo menos 12 trilhões de dólares, em comparação a continuação dos níveis atuais de uso de combustíveis fósseis. Por esta razão, o incentivo na produção de tecnologias verdes é muito importante, não somente para a saúde do planeta, como também a nossa, e, com uma produção efetiva destas políticas de fabricação e distribuição de energia, podemos também aumentar a qualidade de vida das pessoas, o aumento da economia mundial e a distribuição de renda da população, com a criação de empregos no setor.


Por Nicole Cruz

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